29/10/2008

Professores


Recebi este mail e decidi partilha-lo no dia em que o Ministério da Educação se prepara para propor uma lei em que até ao 9.º ano não há chumbos, estudar para que se no final passamos!!!

A "inútil"escreveu assim sobre os Professores:

É do conhecimento público que o senhor Miguel de Sousa Tavares considerou
'os professores os inúteis mais bem pagos deste país.' Espantar-me-ia uma
afirmação tão generalista e imoral, não conhecesse já outras afirmações que
não diferem muito desta, quer na forma, quer na índole. Não lhe parece que
há inúteis, que fazem coisas inúteis e escrevem coisas inúteis, que são
pagos a peso de ouro? Não lhe parece que deveria ter dirigido as suas
aberrações a gente que, neste deprimente país, tem mais do que uma sinecura
e assim enche os bolsos? Não será esse o seu caso? O que escreveu é um
atentado à cultura portuguesa, à educação e aos seus intervenientes, alunos
e professores. Alunos e professores de ontem e de hoje, porque eu já fui
aluna, logo de 'inúteis', como o senhor também terá sido. Ou pensa hoje de
forma diferente para estar de acordo com o sistema?


O senhor tem filhos? - a minha ignorância a este respeito deve-se ao facto
de não ser muito dada a ler revistas cor-de-rosa. Se os tem, e se estudam,
teve, por acaso, a frontalidade de encarar os seus professores e dizer-lhes
que 'são os inúteis mais bem pagos do país.'? Não me parece... Estudam os
seus filhos em escolas públicas ou privadas? É que a coisa muda de figura!
Há escolas privadas onde se pagam substancialmente as notas dos alunos, que
os professores 'inúteis' são obrigados a atribuir. A alarvidade que
escreveu, além de ser insultuosa, revela muita ignorância em relação à
educação e ao ensino. E, quem é ignorante, não deve julgar sem conhecimento
de causa. Sei que é escritor, porém nunca li qualquer livro seu, por isso
não emito julgamentos sobre aquilo que desconheço. Entende ou quer que a
professora explique de novo?

Sou professora de Português com imenso prazer. Oxalá nunca nenhuma das suas
obras venha a integrar os programas da disciplina, pois acredito que nenhum
dos 'inúteis' a que se referiu a leccionasse com prazer. Com prazer e
paixão tenho leccionado, ao longo dos meus vinte e sete anos de serviço, a
obra de sua mãe, Sophia de Mello Breyner Andersen, que reverencio. O senhor
é a prova inequívoca que nem sempre uma sã e bela árvore dá são e belo
fruto. Tenho dificuldade em interiorizar que tenha sido ela quem o ensinou
a escrever. A sua ilustre mãe era uma humanista convicta. Que pena não ter
interiorizado essa lição! A lição do humanismo que não julga sem provas! Já
visitou, por acaso, alguma escola pública? Já se deu ao trabalho de ler,
com atenção, o documento sobre a avaliação dos professores? Não, claro que
não. É mais cómodo fazer afirmações bombásticas, que agitem, no mau
sentido, a opinião pública, para assim se auto-publicitar.

Sei que, num jornal desportivo, escreve, de vez em quando, umas crónicas e
que defende muito bem o seu clube. Alguma vez lhe ocorreu, quando o seu
clube perde, com clubes da terceira divisão, escrever que 'os jogadores de
futebol são os inúteis mais bem pagos do país.'? Alguma vez lhe ocorreu
escrever que há dirigentes desportivos que 'são os inúteis' mais protegidos
do país? Presumo que não, e não tenho qualquer dúvida de que deve entender
mais de futebol do que de Educação. Alguma vez lhe ocorreu escrever que os
advogados 'são os inúteis mais bem pagos do país'? Ou os políticos? Não,
acredito que não, embora também não tenha dúvidas de que deve estar mais
familiarizado com essas áreas. Não tenho nada contra os jogadores de
futebol, nada contra os dirigentes desportivos, nada contra os advogados.
Porque não são eles que me impedem de exercer, com dignidade, a minha
profissão. Tenho sim contra os políticos arrogantes, prepotentes, desumanos
e inúteis, que querem fazer da educação o caixote do (falso) sucesso para
posterior envio para a Europa e para o mundo. Tenho contra
pseudo-jornalistas, como o senhor, que são, juntamente com os políticos,
'os inúteis mais bem pagos do país', que se arvoram em salvadores da
pátria, quando o que lhes interessa é o seu próprio umbigo.

Assim sendo, sr. Miguel de Sousa Tavares, informe-se, que a informaçãozinha
é bem necessária antes de 'escrevinhar' alarvices sobre quem dá a este
país, além de grandes lições nas aulas, a alunos que são a razão de ser do
professor, lições de democracia ao país. Mas o senhor não entende! Para si,
democracia deve ser estar do lado de quem convém.

Por isso, não posso deixar de lhe transmitir uma mensagem com que termina
um texto da sua sábia mãe: 'Perdoai-lhes, Senhor
Porque eles sabem o que fazem.'

20/10/2008

Testemunho de um professor


Testemunho de um professor

"Sou coordenador TIC do meu Agrupamento de Escolas e fui convocado
para me deslocar ao parque tecnológico de Cantanhede para receber
formação sobre o tão propalado portátil Magalhães. Lá fui eu para dois
dias de trabalho, cujo programa era, em 90%, composto pela expressão «
jornada de trabalho com a Intel»:

Hoje estou aqui para relatar aquilo que se passou naqueles dois dias,
e se o estou a fazer, é porque algo de relevante se passou.

Pelas reacções que tinha lido nos fóruns relativamente às mesmas
sessões de Porto e Lisboa, já ia a contar que aquilo não seria o que
eu esperava; mas longe de mim imaginar que iria assistir a uma coisa
absolutamente surreal.

Primeira nota triste do evento: a organização distribuiu «pen drives»
de um Gb, oferta da Intel contendo toda a documentação. Acontece que
tinham umas 100 unidades para dar a 200 pessoas. Claro que metade
(incluindo eu) ficámos a ver navios, havendo dignos colegas que se
açambarcaram de duas ou mais, facto que também não me causa qualquer
espanto. Mas para a Organização tratou-se de mais uma normalidade!

Comecemos pela manhã de Quinta-feira, onde fomos levados, em grupos,
para pequenas salas do complexo, onde supostamente nos iriam ser dadas
directrizes relativamente ao Magalhães e às suas potencialidades em
contexto educativo, para nós transmitirmos aos professores do 1º
ciclo. Aliás, esse deveria ter sido o grande objectivo deste encontro;
recebermos formação para a replicar junto das escolas envolvidas.

Ao invés disso, e para ser muito mais sucinto do que gostaria nesta
crónica, somos brindados com apresentações de powerpoints em
português, lidas em Inglês com sotaque russo, traduzido por senhoras
contratadas para o efeito, como se nunca tivéssemos ouvido uma palavra
em Inglês na vida e como se isso fosse o entrave à formação. Num
parque dito tecnológico, as redes funcionavam mal ou não funcionavam,
ninguém sabia ligar, o senhor russo ia ironizando como se estivesse
num país de 3º mundo e a senhora tradutora ia tentando fazer a uma
espécie de ponte entre surdos mudos. A seguir, mais um estrangeiro
qualquer a debitar informação em inglês sobre um powerpoint em
português e depois apareceu um brasileiro (ena!!! Um brasileiro!!!)
mas que nada de útil nos transmitiu.

Ou seja, depois de uma manhã onde absolutamente ninguém aprendeu nada
de útil sobre os Magalhães que qualquer jeitoso de informática não
domine, ninguém imaginava que o pior estava para vir.

Eis que pelas 14 horas iria começar uma das melhores sessões de circo
a que os meus olhos assistiram até hoje. O speaker de serviço que
ostentava na lapela uma identificação de uma empresa que não conheço,
mas que nem era do ME nem da Intel nem da JP Sá Couto, apresentou as
três senhoras que tinham vindo expressamente dos States, com chancela
da Intel, para nos brindarem com uma sessão de trabalho inolvidável.
Eis que aparecem 3 senhoras com ar de quem está reformado há 20 anos,
nos EUA, mas que em Portugal estariam no auge da carreira. Depois das
simpatias ao país e de demonstrar que nada de útil iriam transmitir,
resolveram propor aquilo que as trouxe ao, pensam elas, Burkina Fasso
da Europa. Desde logo me demarquei e senti vontade de abandonar a
sessão, mas os colegas... ah e tal... esquece isso... e tal.... Não te
enerves... isto é sempre assim... e tal! Continuei a assistir e a
incredulidade ia aumentando.

Aquelas 3 senhoras, acham que uma sessão de trabalho com a Intel é
propor a 200 professores que inventem uma cantiga ao Magalhães, e se
possível com teatro à mistura. Como eu e mais alguns colegas (muito
poucos) mostrámos alguma estupefacção pelo que se estava a passar, uma
das senhoras americanas apressou-se a dizer, bem alto e em tom
ameaçador, que quem não participasse não seria incluído no sorteio de
um Magalhães que iriam oferecer.

E, meus caros leitores, era ver 200 professores imbuídos naquela
actividade com todo o afinco; sei que muitos grupos trabalharam online
pela noite dentro e ao outro dia de manhã, os meus olhos ficaram
estarrecidos com a produção apresentada. O desfile dos «trabalhos»,
(era assim que lhe chamavam) começou, e desde o malhão do Magalhães,
até à vida de marinheiro do Magalhães, passando por coreografias com
adereços circenses, tudo de «útil» passou por aquele palco, até as
náuseas me obrigarem a sair. Apenas voltei a entrar para ir junto da
senhora que tinha o saquinho das senhas para o sorteio e dizer-lhe que
não iria colocar lá o meu papelinho.

Conclusão: à bela maneira dos professores portugueses, que são exímios
na arte de obedecer, mesmo não concordando, e na arte de produzir
conteúdos, ainda que lúdicos (pena ter sido num contexto absurdo),
toda a gente parecia achar aquilo ridículo, mas apenas eu e o meu
amigo Paulo Pereira resolvemos sair e mostrar a nossa indignação a uma
senhora da DREC que, educadamente, tal como eu na abordagem que lhe
fiz, esgrimiu as fundamentações para aquelas «sessões de trabalho com
a Intel».

Salvou-se a Microsoft e a Caixa Mágica que, na sexta à tarde, nos
mostraram, finalmente, algo de útil; no final pedi a palavra para
dizer que apenas aquela tarde se tinha salvo no meio das inutilidades
que caracterizaram aqueles dois dias, o que, pasme-se, faz arrancar um
caloroso aplauso da plateia.

Alguém me explique como se eu tivesse 8 anos, como é possível convocar
200 professores para dois dias de trabalho com a Intel, com a
apresentação do «Magalhães» em pano de fundo e, basicamente, 3
senhoras americanas, apoiadas por pessoas de... uma empresa (!),
gastarem um dia a obrigar-nos a produzir teatrinhos e cantigas para
miúdos de 6 anos, outro meio dia gasto com russos a lerem powerpoints
em pseudo inglês, escritos em Português, com tradução por senhoras
contratadas.

Como professor e coordenador TIC senti-me vexado nestes dois dias.
Aquelas senhoras devem pensar que somos um bando de imbecis e nunca
vimos um computador na vida; tudo isto pago pela DREC, cuja Directora,
no final, enalteceu o evento.

Relativamente aos meus colegas, mostraram, como sempre, que tudo são
capazes de fazer, mesmo o ridículo, mas ficou, essencialmente, a prova
de como não há-de o Ministério fazer de nós gato-sapato a seu
bel-prazer!!!

Nota: O Magalhães é um excelente equipamento e, mesmo sem aposta na
formação e com esta atabalhoada distribuição, julgo ser uma mais valia
efectiva para a modernização do caquéctico ensino do 1º ciclo em
Portugal.

Aqui fica um vídeo que apanhei durante uma das actuações que mais
aplausos arrancaram. "
http://www.youtube.com/watch?v=YJ_kLTRfRJ0

Não há ninguém em Portugal com acesso aos 'media',e que não dependa de lugares ou favores, que possa desmascarar a esperteza saloia destes 'políticos' poucos escrupulosos e sem nível?...

*** Magalhães ***

o mais escandaloso golpe de propaganda do ano

Os noticiários abriram há dias, com pompa e circunstância, anunciando o lançamento do 'Primeiro computador portátil português', o 'Magalhães'.
A RTP refere que é 'um projecto português produzido em Portugal'
A SIC refere que 'um produto desenvolvido por empresas nacionais e pela Intel' e que a 'concepção é portuguesa e foi desenvolvida no âmbito do Plano Tecnologico.'

Na realidade, só com muito boa vontade é que o que foi dito e escrito é verdadeiro. O projecto não teve origem em Portugal, já existe desde 2006 e é da responsabilidade da Intel. Chama-se Classmate PC e é um laptop de baixo custo destinado ao terceiro mundo e já é vendido há muito tempo através da Amazon.

As notícias foram cuidadosamente feitas de forma a dar ideia que o 'Magalhães' é algo de completamente novo e com origem em Portugal. Não é verdade.
Felizmente, existem alguns blogues atentos. Na imprensa escrita salvou-se, que se tenha dado conta, a notícia do Portugal Diário: 'Tirando o nome, o logótipo e a capa exterior, tudo o resto é idêntico ao produto que a Intel tem estado a vender em várias partes do mundo desde 2006. Aliás, esta é já a segunda versão do produto.'

Pelos vistos, o jornalista Filipe Caetano foi o único a fazer um trabalhinho de investigação em vez de reproduzir o comunicado de imprensa do Governo
A ideia é destruir os esforços de Negroponte para o OLPC. O criador do MIT Media Lab criou esta inovação, o portátil de 100 dólares...
A Intel foi um dos parcceiros até ver o seu concorrente AND ser escolhida como fornecedor. Saiu do consórcio e criou o Classmate, que está a tentar impor aos países em desenvolvimento.

Sócrates acaba de aliar-se, SEM CONCURSO, à Intel, para destruir o projecto de Negroponte. A JP Sá Couto, que ja fazia os Tsumanis, tem assim, SEM CONCURSO, todo o mercado nacional do primeiro ciclo.

Tudo se justifica em nome de um número

de propaganda política terceiro-mundista.

Para os pivots (ex-jornalistas?) Rodrigues dos Santos ou José Alberto Carvalho, o importante é debitar chavões propagandista em vez de fazer perguntas.

Se não fosse a blogosfera - que o ministro Santos Silva ainda não controla - esta propaganda não seria desmascarada. Os jornalistas da imprensa tradicional têm vindo a revelar-se de uma ignorância, seguidismo e preguiça atroz.

15/10/2008

Está tudo louco!!!

Cada vez me convenço que anda tudo louco ou se fazem não sei ele é filhos que por "loucura" ou já bem pensado cortam a cabeça da Mãe a pessoa que o pós neste mundo e depois ainda sem pingo de arrependimento coloca a cabeça dela no seu frigorífico em sua casa e deita fogo a toda a sua herança são outros apenas porque não queria que estacionassem de fronte de sua casa desata aos tiros e tirando a vida a 2 pessoas sendo que uma delas o seu "crime" foi ir ali a passar pois nem ali vivia, em qualquer dos casos por motivos que se calhar se as pessoas falassem mais ou até mesmo pedissem ajuda, mas infelizmente cada vez mais vamos vivemos num mundo em que cada vez mais o tempo é curto é já é difícil termos tempos para os nossos do que nos preocuparmos com o vizinho que vive sozinho ou com o idoso que foi esquecido ou abandonado por todos e penso que o caso que aconteceu no Porto de uma Senhora idosa que faleceu em casa sozinha e só passados alguns dias alguém notou derivado ao cheiro de decomposição do corpo que vinha da sua casa é triste e desumano cada vez mais este "nosso" mundo e cabe a cada um de noz tentar muda-lo sei que é uma luta entre "David e Golias" mas há que ter esperança.