Li este texto com este mesmo titulo no jornal gratuito "Metro" que gostei particularmente de um cronista habitual de seu nome Rui Pedro Batista e que passo a transcrever e que espero que leiam e pensem um pouco.
"Já passaram quinze minutos das nove.O dia parece que ainda agora começou.Mas por todo o lado os carros tentam, a custo, entrar na cidade.Em Lisboa, no caso.Ali parado,dentro do carro,olho para um lado e para o outro.Vejo sobretudo gente nervosa a exercitar a capacidade de furar mais uns metros.Chegar mais à frente.Conseguir o 1ºlugar.Atingir o espaço cimeiro de 1 pódio que apenas impede um raspanete do chefe.Uns fumam,outros falam ao telemóvel-espreitando,com medo que surja algum policia de repente-alguns olham para o espelho na esperança de estarem mais bonitos nesse dia.E alguns estão de facto.
Ali mesmo,a chegar à Praça de Espanha,está todos os dias 1 mulher.Daquelas que têm as marcas da vida estampadas na cara,arrisco a pensar que é mãe,que tem filhos, que os quer educados e de barriga cheia.Tem certamente 1 monte de despesas para pagar todos os meses.Mas não preciso de especular para afirmar,que o dinheiro não sobeja no final de cada 4 semanas.Há quem olhe para ela,mas nem todos vêem que de segunda a sexta,todas as manhãs,faça chuva ou sol,tem um sorriso enorme desenhado na cara.Percorre a estrada,estica o braço,sorri e entrega este jornal O METRO, mas isso não é o mais importante,essa mulher é que hoje merece ser notícia.
Nem todos os dias temos a sorte de as nossas vidas se cruzarem com outras, e daí surgirem momentos especiais,podem ser segundos,podem ser meses,pode até ser 1 vida inteira,mas as vezes,muitas mesmo,temos ali mesmo à frente do nariz esse instante,essa pessoa,o tal momento especial,que procuramos incessantemente,e tantas vezes olhamos ,mas não vemos.Até porque quase sempre custa-nos o mundo dizer essas frases que servem de chave para abrir a porta da felicidade.É mais fácil acusar,responsabilizar o outro,encomtrar uma boa desculpa,fazer cara feia,ou simplesmente fugir,olhar para o lado,e seguir em frente.
Abrir o coração é dificil.É por isso que nos esquecemos tantas vezes de dizer aos filhos que estão a adormecer,que os amamos,e como é estranho quando olhamos para trás e percebemos que algumas dessas sentenças que podiam ter aberto a tal porta,ficaram por dizer.Por isso 1 destes dias vou chegar mais tarde ao emprego,vou arriscar o tal raspanete do chefe.Vou parar o carro e dizer a essa mulher:obrigado,quero agradecer-lhe aquele sorriso,nem que seja para esquecer as vezes em que alguém me disse,que não imaginava o que teria eu para dizer.E eu,fiquei calado.Sem coragem para falar.
1 comentário:
Gostei nesta crónica ;)
Por vezes as pessoas esquecem-se que cada segundo, cada minuto...cada dia que passa não volta atrás, e por isso ficar calado, perder a oportunidade representa um lamento posterior...
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